Queridos irmãos e irmãs, Hoje e um dia muito especial, para mim, e para toda essa igreja em particular, em que tomo posse dessa Arquidiocese como Arcebispo Metropolitano, e passo a desempenhar aqui meus serviços, trabalhando com comunhão com sua Santidade, o Papa Gregório, juntamente a este presbitério, em uma só missão, levar o evangelho de Cristo a todos, através desse apostolado digital.
Na liturgia de hoje, vemos na primeira leitura, Deus que dá o pão do céu, ao povo hebreu que peregrinava no deserto, e no evangelho, vemos a parábola do semeador.
Na primeira leitura, sabemos muito bem, pelas leituras do dia passado, que o povo hebreu, libertado por Deus das mãos do faraó, inicia sua peregrinação rumo a terra prometida, após isso, acampando junto ao mar perto de Fiairot, defronte de Beel-Sefon, veem o povo egípcio aproximar-se com grande exército, e o povo reclama a Moisés; Não era melhor termos ficado sob poder dos egípcios, do que morremos aqui? Porém, Moisés anuncia ao povo hebreu a salvação, Deus abriria o mar vermelho para que pudessem atravessar. Hoje o episódio se "repete", o povo hebreu perante um período de fome, reclama a Moisés; Não era melhor que ficássemos sob poder do faraó? Lá comíamos comidas de "qualidade", e Deus providencia a eles, o pão do céu, e diversos outros alimentos, que os sustentariam nessa caminhada até a terra prometida.
Esses episódios, refletem profundamente nossa vida espiritual hoje! Nós, escravos de Satanás, somos libertos da escravidão pelas águas do batismo, e somos fortalecidos em nossa caminhada espiritual pelo pão que vem do céu, o próprio Senhor, que se dá por inteiro no sacramento eucarístico, e nos revigora a continuarmos essa peregrinação rumo a terra prometida, a pátria celeste, a qual para chegarmos lá passaremos e embretaremos dificuldades, porém devemos sempre recorrer a Nosso Senhor, que não deixa de olhar por seu povo.
No Evangelho, vemos a famosa parábola do semeador, contada de Jesus aos seus discípulos. Nós como apostolado digital, devemos ser essa figura do semeador, afinal, essa missão nos foi confiada de sermos semeadores, e aquele que semeia fá-lo na esperança; fá-lo contando com o seu esforço e empenho pessoal, mas sabendo que há muitos fatores que têm de concorrer para que a semente germine, cresça, se torne espiga e, por fim, grão abundante. O semeador cansado e preocupado não desanima, não desiste, nem pega fogo ao seu campo quando algo corre mal. Sabe esperar, confia, assume as deceções(frustações) da sua sementeira. Mas nunca cessa de amar este campo confiado aos seus cuidados. E embora às vezes lhe venha a tentação de o fazer, não o abandona nem confia a outrem.
O semeador conhece a sua terra, «palpa-a», «sente-a» e prepara-a para que possa dar o melhor de si mesma. Como o Semeador, hoje eu, mas também todos vocês, somos chamados a lançar as sementes da fé e da esperança nesta terra. Para isso, devemos desenvolver este «olfato» que nos permite conhecer melhor e também descobrir o que compromete, dificulta ou arruína a sementeira. Assim, «os pastores, acolhendo as contribuições das diversas ciências, têm o direito de exprimir opiniões sobre tudo aquilo que diz respeito à vida das pessoas, dado que a tarefa da evangelização implica e exige uma promoção integral de cada ser humano. Já não se pode afirmar que a religião deve limitar-se ao âmbito privado e serve apenas para preparar as almas para o céu. Sabemos que Deus deseja a felicidade dos seus filhos também nesta terra, embora estejam chamados à plenitude eterna, porque Ele criou todas as coisas “para nosso usufruto” (1 Tm 6, 17), para que todos possam usufruir delas.
Cuidar da terra implica também aguardar pacientemente o crescimento; e, na hora da colheita, o agricultor avalia também a qualidade dos trabalhadores. Nesse dia, me é confiado uma grande missão, o dever de acompanhamento e discernimento, sobretudo no que se refere aos ministérios de cada Padre desse presbitério, de cada Leigo desta Arquidiocese, a qual juntos, somos chamados a pastorear.
Somos chamados a ser trabalhadores da Messe do Senhor, a juntos do semeador, sair a semear, semear a palavra de Deus nesse mundo virtual, ajudar a fazer com que essa semente que foi colocada no coração de cada batizado, cresça, e dê frutos abundantes, frutos de santidade, frutos que colaborem com toda a Igreja.
Empenhemo-nos por tal missão, não fiquemos parados! Precisamos semear! Precisamos de operários que semeiem, por isso, devemos sempre pedir a Deus, que envie trabalhadores para sua messe, que sejam ousados e arriscados por está missão, missão que não é fácil, mais que exige disponibilidade e ousadia, devemos lançar as sementes independente da terra em que irá cair, como dizia São João Crisóstomo; "Pois o semeador não faz distinção na terra que lhe é submetida, mas lança a sua semente com simplicidade e indiferença. Assim, ele próprio também não faz distinção entre ricos e pobres, sábios e insensatos, preguiçosos e diligentes, corajosos e covardes. Ele planta a sua semente entre todos, cumprindo a sua parte [...]." E ainda diz: "Cristo deixa a repreensão à consciência de seus ouvintes. Lembre-se também da parábola da rede, que muita coisa inútil foi recolhida. Mas ele conta essa parábola como se quisesse ungir seus discípulos e ensiná-los a não desanimar, mesmo que os perdidos sejam mais do que aqueles que recebem a palavra. Foi com essa mesma facilidade que o próprio Senhor continuou a semear, mesmo ele que previu plenamente os resultados."
Estás palavras implicam também para nós, que saímos a semear, quantas vezes, somos semeadores, mais antes não deixamos com que Cristo nutra a semente que ele semeou em nós? Neste domingo ouvimos o evangelho de Marta e Maria, e somos confrontados a uma verdade, precisamos antes de irmos aos trabalhos, estar aos pês de Jesus, antes de ir semear, pedir a ele as sementes, se não vã será nossa tentativa, iremos jogar as sementes erradas, as sementes das nossas vaidades e egoísmos, e não a verdadeira semente, a semente da verdade do evangelho.
Confio todo o meu pastoreio desta Arquidiocese a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do nosso Brasil, para que nós momentos de dificuldades, possamos com a intercessão dela, supera-lós!
Aparecida, 23 de Julho do ano Jubilar de 2025